Eu e o João falávamos várias vezes em ter filhos, 3, 4, 5. Dentro de nós pulsava, ainda que de forma discreta, a vontade de nos multiplicarmos.
Bem, a minha vontade não era tão discreta assim porque isto da natureza é mesmo assim e tinha o meu relógio biológico a apitar há bastante tempo.
Conversávamos sobre isto naturalmente. Quando fomos viver juntos, o quarto de um futuro filho já estava destinado. Não tínhamos pressa mas também não queríamos ter um primeiro filho muito tarde.
O plano era deixar a vida assentar, arranjar emprego estável, aproveitar a vida a dois...
Depois casámos. Depois fomos de lua-a-de mel para Itália, numa viagem de carro, de mais de 5000 km, durante praticamente 1 mês.
Foi aí, longe de casa, que decidimos ou nos apercebemos, sem grandes equações, que queríamos ser pais. Esperar por estabilidade? A estabilidade vai e vem, nada é garantido hoje em dia. Quanto tempo seria esta espera? Quanto tempo temos?
Não foi planeado, no sentido de "a partir de agora vamos tentar ter um filho", nem foi, de todo, acidental. Foi sentido. Se tiver de ser, é. E foi.
Estávamos perto das Cinque Terre, num sítio encantador: Il Borgo di Campi. Se calhar foi da vista para o mar e para as vinhas. Estávamos em Itália. Tinha de ser ali, celebrar o nosso amor em viagem. É nas viagens que descobrimos que nos amamos ainda mais do que pensávamos.
Nesse dia, o mesmo da fotografia, escrevi-lhe um poema, a esse filho que poderia aí vir:
"Que os teus olhos sejam cor de uva escura,
e a tua alma tão grande quanto o mar.
Que tenhas a coragem da montanha
e um peito gigante para amar."
Passados doze dias, a 23 de Maio e já em Roma fiz um teste de gravidez mesmo sabendo que poderia ser cedo para acusar alguma coisa. Mas eu já sabia que a minha pinhoca estava ali. Sentia o corpo diferente, um desconforto na barriga e nos rins. Não aguentava esperar para ter a confirmação.
O Clearblue deu-nos a notícia (e em italiano!), com as semanas estimadas de gravidez...
Nessa noite saímos, como se andássemos por cima de nuvens ou algodão doce e Roma ficou mais bonita. Ao jantar não bebi vinho e a nossa aventura a três começava...
Que lindo! Que afortunados! Que contentamento o meu por ainda acreditar que o Amor assim, como já o conheci, é verdade e possível.
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