domingo, 29 de março de 2015

cheiramos a leitinho #2 - noites alternadas?

A meio da noite, tive uma brilhante ideia: para que os dois possamos dormir melhor, cada um fica com ela em noites alternadas. Um no quarto, outro na sala.

A ideia era de facto brilhante, até que me lembrei de um pequeno pormenor: estou a amamentar. 

quinta-feira, 26 de março de 2015

conselho vale o que vale # 2 - babymoon e viajar grávida

Toda a logística de viajar com mais alguém (sobretudo para fora do país), e que necessita de rotinas, horários, cuidados, implica planeamento extra, para além de ser mais uma despesa no momento de viajar.

Ou seja, para muitos pais, enquanto o bebé não tiver idade para viajar ou para ficar entregue ao cuidado de avós e tios, não há viagens para ninguém, o que pode significar não se meter num avião nos próximos 3 anos (não quer dizer que não se possa viajar com eles mais pequenos, mas a logística é maior e quanto mais autónomos forem, melhor). 

Sinceramente, nós ainda não sabemos de que lado estamos: se no lado descontraído que arrisca e a leva ainda pequena, no lado mais conservador e que não viaja, ou no lado mega descontraído que vai sem ela. Sobre isto hei-de escrever. 

Assim como assim, decidimos fazer uma última viagem antes de a Teresa nascer, em jeito de babymoon. Uma última viagem sem termos de levar a casa toda às costas ou sem ficarmos com o coração pequenino por estarmos longe. 

O destino? Paris! Romântico, com imensa arquitectura, cultura e arte, boa comida e pouco tempo de voo.

Alguém viu este hipopótamo perto do Louvre?



Em Outubro, grávida de 6 meses.


Mas isto de viajar grávida tem o que se lhe diga. Por isso, deixo-vos algumas dicas minhas e da Lonely Planet


  • Em primeiro lugar, a escolha de viajar tem de ser consciente. Convém que a gravidez não seja de risco, esteja a correr bem e que o médico não levante qualquer problema. 

  • O melhor trimestre para viajar é o segundo. No primeiro, o risco de aborto espontâneo é maior, pelo que convém ter alguns cuidados extra de modo a garantir maior tranquilidade. Além disso, e falo por experiência própria, neste trimestre o cansaço atinge-nos muito mais facilmente. De resto, para quem sofre destes sintomas, não deve ser nada agradável viajar constantemente nauseada. No último trimestre, para além de já se estar numa fase avançada da gravidez, o que significa que uma grande barriga nos vai fazer maior peso, a possibilidade de um parto prematuro ou maior necessidade de assistência médica é uma realidade. No segundo trimestre já temos uma bela barriguinha para exibir e levar a passear, já ultrapassámos as fases críticas e ainda temos mobilidade para andar de um lado para o outro.

  • Se a viagem for para um país em que seja obrigatório ou aconselhável tomar alguma vacina ou fazer medicação preventiva, é importante confirmar com o médico que não há qualquer problema, e que ele indique o que pode ou não ser tomado. 

  • Se a viagem for de avião, deve sempre confirmar-se qual a política da companhia aérea em relação a passageiras grávidas. Muitas exigem uma declaração médica, normalmente a partir do 7º mês de gravidez.


  • Quando estiver a escolher onde pernoitar, caso opte por alugar um apartamento ou outro tipo de alojamento, certifique-se que não tem de subir imensos lances de escadas, que tem conforto suficiente para dormir e tomar banho.

  • Leve consigo o Boletim da Grávida, onde está reunida informação médica acerca da gravidez.

  • Leve consigo as vitaminas pré-natais e outra medicação que esteja a tomar.

  • Evite levar demasiada bagagem, pois vai ter de a carregar. 

  • Opte por roupa e calçado confortáveis e pondere utilizar meias/collants de descanso para grávidas e uma faixa para a barriga. Durante a viagem, sobretudo se for de avião, beba bastantes líquidos, e levante-se algumas vezes, de modo a que uma eventual tromboflebite não se agrave. 

  • No destino, não se esqueça das recomendações médicas em relação ao que é ou não aconselhável comer. Tenha atenção redobrada se estiver num país em que a gastronomia seja muito diferente (vegetais crus, ovos, carnes, peixes, marisco, água da torneira...). Certifique-se que não ingere nada indevidamente cozinhado. Não queremos arriscar uma intoxicação alimentar nem nada do género.

  • A gravidez exige um planeamento da viagem ainda mais cuidadoso. Não convém querer ver o Prado, o Thyssen e o Reina Sofía no mesmo dia (sim, eu sei que estes são em Madrid). Sugiro que se planear uma ida a um museu, por exemplo, não coloque mais nada na agenda para esse dia. Intercale actividades de maior esforço com outras mais relaxadas. Não se esqueça de ir parando e descansando. O cansaço ataca de repente e não convém exagerar.

  • Informe-se acerca dos meios de transporte e perceba qual o melhor para si. Em Paris, por exemplo, embora o metro seja uma boa opção, tem de se andar bastante entre as estações e linhas, acabando por não compensar tanto. 

  • Evite filas. Se puder compre bilhetes/entradas com antecedência e não se esqueça que provavelmente tem prioridade por estar grávida.

Boa viagem!




Raquel

terça-feira, 24 de março de 2015

cá em casa #1 - livro "Pediatra para todos"

Além da minha mãe e de uma das minhas irmãs, que são género pediatras de serviço permanente, costumamos recorrer ao livro "Pediatra para todos" do pediatra Hugo Rodrigues, editado pela Verso de Kapa.

Quando temos pequenas dúvidas ou questões sobre a alimentação, sintomas de doenças, o que é normal ou não, sono, e pequenos cuidados do dia-a-dia, lá abrimos nós o livro que nos tem ajudado e acalmado bastante.

Obviamente que isto não substitui um pediatra, mas para temas pouco preocupantes e dúvidas simples, é bastante útil.

Sobre a escolha do pediatra, escreverei noutro post. 

Imagem retirada do site Verso de Kapa

domingo, 1 de março de 2015

baby blues - quando ficamos orfãs de nós

A gravidez não nos prepara para ser mãe. A vida, os livros, a teoria, a prática com os primos, irmãos e sobrinhos, nada nos prepara para ser mãe. 

A natureza, que é tão mágica nisto de nos transformar o corpo e de nos fazer capazes de gerar vida dentro de nós, parece imperfeita ou injusta quando, depois do parto, somos lenta e subtilmente hipnotizadas por um estado emocional nunca antes experienciado.

Nascer mãe é um parto difícil, física e emocionalmente. Lembro-me da primeira noite que passámos as duas juntas, no hospital, em que não preguei olho. Nessa fase, os baby blues ainda não tinham batido à porta, mas uma tristeza mascarada de alegria e comoção já pairava sobre mim. Passei a noite a olhar através do berço transparente, a vê-la. A reconhecê-la. A querer protegê-la de tudo e a pedir que nunca nada de mal lhe acontecesse, e de estar em pânico de não saber como cumprir o meu papel. 

Nascer mãe é um parto difícil, doloroso. Os primeiros dias podem ser de uma solidão sem fim. De repente, normalmente depois de estarmos em casa, quando temos de gerir novas rotinas e uma nova pessoa nas nossas vidas, abate-se sobre nós a dúvida, o sentimento de culpa, o remorso, o medo, a tristeza, a desilusão e, novamente, o sentimento de culpa porque julgamos ser as piores pessoas do mundo por não estarmos a dar pulos de felicidade pelo nosso bebé.

A verdade é que essa nuvem a que chamam de baby blues nos suga as forças e o optimismo e deixa-nos uma série de perguntas e pensamentos com os quais temos de lidar: "fiz bem em ter tido um filho?", "vou ser capaz de cuidar dela?", "preciso tanto de descansar", "não consigo tratar dela", "a minha vida nunca mais vai ser a mesma", "o meu marido vai deixar de gostar de mim", "porque é que me sinto assim?", "o meu bebé não me vai amar".

As perguntas sem resposta repetem-se durante alguns dias, ecoam no pensamento e toldam-nos os sentidos e sentimentos. Ninguém nos prepara para isto, ninguém fala abertamente sobre isto e nós temos vergonha de admitir que estamos neste estado. 

Os baby blues tornam-nos orfãs de nós mesmas. Raptam-nos para longe e deixam no nosso lugar uma mancha ténue do que somos. Choramos, choramos, choramos. As lágrimas saltam sem aviso nem motivo aparente e a dor de chorar de tristeza a olhar para o nosso filho só nos faz querer chorar mais.

Os dias são compridos de mais para serem suportados e demasiado curtos para que consigamos fazer deles alguma coisa que nos anime. Um cansaço interior consome-nos a alma. O nosso bebé precisa de nós e temos dois pesos em cada perna, no peito, na cabeça, nos braços. Quando a recuperação do parto é mais complicada, como foi a minha, tudo isto imagino que tome proporções ainda maiores.

Os meus baby blues vieram e foram embora de forma intensa e veloz. Em muito contribuiu o facto de ter conseguido pedir ajuda e verbalizar que estava com medo. Em muito contribuiu ter um marido que me ajudou em tudo e que me pediu para ter força. Não tenham receio de pedir ajuda nem de falar abertamente sobre o que sentem com os vossos companheiros, amigos ou família. Este é o melhor conselho que posso deixar. Os outros são os de repetirem a vocês mesmas que é normal e que muitas mulheres passam por isto. É difícil acreditar que tal estado possa ser normal e que vai passar, mas é a verdade. Passa.

Mentalizem-se que são as hormonas a responder por vocês e a tomar conta do vosso estado de espírito e repitam isso incansavelmente. Não se deixem ir mais fundo do que aquilo que é suposto, para não correrem o risco de ficar presas na rede e de esta situação se tornar menos passageira e menos reversível. O medo da depressão aqui pode funcionar como motivação para combater os baby blues

Peçam ajuda para tratar do bebé, verbalizem o que sentem para atenuar os sentimentos de culpa, deixem-se mimar e tomem consciência de que é normal. 

Mais cedo do que esperam regressam, sãs e salvas e felizes. Algumas dúvidas persistem, provavelmente alguns medos também. Mas a tristeza vai-se e, a pouco e pouco, os dias tornam-se mais fáceis, mais felizes. A pouco e pouco sabem que dão o melhor de vocês e que o vosso melhor é o que basta ao vosso bebé.