terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

conselho vale o que vale #1 - o robe para a maternidade

Esqueçam. Embora faça parte de muitas listas do que levar para a maternidade e seja uma preocupação nossa, esta é provavelmente das coisas mais imbecis que levamos para lá (falo por mim). 

As maternidades e os quartos estão com uma temperatura ambiente a rondar os 36ºC, género Beja em pleno Julho ou Agosto. Por isso, a não ser que queiram ficar a cheirar a jardim zoológico ou ao Eléctrico 15 no Verão, desaconselho que usem o bendito robe.

Além de que, depois de termos várias equipas de enfermeiros a apalparem-nos as mamas e a espreitar o nosso pipi, ficamos com uma noção de pudor ligeiramente destrambelhada. Queremos lá saber. 

Para quem fizer questão, a Pré-Natal tem uns simples, macios e leves, sem rendinhas e laçarotes. Eu um a 39,95€ . Uso-o em casa, enquanto dou de mamar (se bem que agora já tenho mais jeito para a coisa e já não me dispo toda, que este despe veste é cansativo).

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

o parto

29 de Janeiro, 40 semanas certas e o receio de prolongar a gravidez tendo em conta que a miúda era grande. Fomos, como combinado, às urgências, ter com a médica que me seguiu nas últimas semanas no Hospital de S. Francisco Xavier (a fantástica Dra. Lurdes Gonçalves), para ser avaliada. 

O toque dizia que ainda faltava, mas o CTG já acusava contracções. Eu ansiosa, a querer que fosse naquele dia, com aquela médica. Uma ansiedade louca, cansada de estar grávida, com vontade de a ter nos braços, a parecer maluquinha de cada vez que sentia uma contracção (será que é desta que pegam?).

As contracções, pouco ou nada dolorosas, mas com algum ritmo, fizeram com que ficasse. Fui dar uma volta de uma hora, a pé. 


A última fotografia grávida

Quando voltei, o colo do útero já estava mais molinho, mas ainda nada de especial. Fui internada e levaram-me para o bloco. Estava em início de trabalho de parto mas precisava da ajuda da ocitocina. Deviam ser mais ou menos duas da tarde. 

Tinha contracções, sem dor. Nada insuportável. Os anestesistas vieram a certa altura (a noção do tempo perde-se) perguntar se ia querer epidural. Respondi que por enquanto não precisava, não tinha dor. Fui fazer exercícios numa bola de pilates para ajudar as contracções e para ela encaixar.

O colo do útero já tinha dilatado mais um centímetro,  mas estava a demorar. Rebentaram-me o saco amniótico para acelerar a coisa e quase instantaneamente passei do 8 ao 80, no que toca a dor. Uma dor tremenda, de me fazer curvar toda sobre mim mesma. O João, que estava ao meu lado, quase que era mordido quando tentou falar comigo, tamanho o desconforto, o sofrimento. Não conseguia pensar. Sei que carreguei 3 vezes na campainha para me darem a epidural. 

Veio um enfermeiro e uma anestesista, calmos e queridos, que me ajudaram a relaxar e me deram a epidural sem que eu tivesse quase dor. 

De repente, estava no céu (filha, se me estás a ler, drogas só epidural!) Conseguia pensar outra vez, respirar, conversar. A certo ponto tinha a equipa médica comigo no bloco à conversa. Até de políticas de saúde falámos. Quase que me esqueci que estava ali para parir. 

O tempo foi passando, ia tendo contracções e, de repente, já estava com 8 cm de dilatação. Deviam ser umas seis ou sete da tarde. Aqui comecei verdadeiramente a perder a noção das horas e do tempo a passar e, só passado uns dias depois do parto é que me apercebi do que aconteceu. 

Basicamente, a bebé não estava na melhor posição, a apresentação da cabeça não era a indicada. Tive de me deitar de lado, com contracções, e fazer força, para ver se ela encaixava melhor. Isto demorou algum tempo, não sei quanto. Agora que olho para trás apercebo-me de que a equipa médica conseguiu manter a calma e não deixar transparecer nada, nenhuma ansiedade. Era o meu primeiro filho, para mim aquilo era normal. Sabia lá.

Hoje, sei que não foi inocente quando pediram a um dos médicos que estava de banco para não sair dali (estava fora do bloco, à porta, sentado). Afinal, era o médico especialista na utilização de fórceps. 

Pediram-me para fazer força em várias posições e eu fiz tudo o que podia e o que me pediam. Diziam que estava a ser uma linda menina e para mim tudo aquilo era normal, era assim mesmo.

Lá fora, no entanto, os nervos tomavam conta da família que estranhava a demora, visto que há uma hora atrás já o João tinha ido dizer que estava quase.

Estava quase mas demorou. Pediram ao João para sair. Tiveram de fazer uma episiotomia e ela foi tirada com fórceps kielland, que não só ajudam a puxar o bebé mas também a rodar-lhe a cabeça. Na altura, lembro-me de ver o médico com uma coisa enorme e metálica nas mãos e de não me aperceber que aquilo eram fórceps. 

Entramos num estado tal, que estamos a ver o que se passa à nossa volta sem assimilar a realidade. Não tinha dor, estava cansada de fazer força e estava como que a flutuar no tempo sem noção de nada. 

O João volta a entrar. Às 21:20 ela nasceu. A sensação de ela a sair de dentro de mim, tão estranha e impressionante, fez-me respirar de alívio. Só queria saber que estava tudo bem. Oiço dizerem que nasceu com 3975gr, e eu digo que me estou a sentir mal. Dão-me oxigénio e olho para ela, que está ali ao lado, com os enfermeiros. 

Ver os grandes amores da minha vida a olharem-se pela primeira vez, fez-me chorar. Já estava. Era real. Éramos três. 



A primeira fotografia dela.


Só me resta agradecer à equipa fantástica que esteve comigo neste momento tão marcante. Pela tranquilidade e serenidade que mantiveram ao longo de todo o trabalho de parto, não deixando transparecer ansiedade nem preocupação. À Dra. Lurdes Gonçalves, o meu muito obrigada. É inspirador encontrar alguém tão competente e tão humano como ela. 

Como nem tudo é perfeito, as únicas críticas que posso apontar são questionar-me sobre o motivo pelo qual não foi feita nenhuma ecografia antes do parto, e a episiorrafia que me foi feita e que acabou por infectar (faz-me confusão que com tantos pontos não receitem logo um antibiótico e indiquem um tratamento com pomadas). Com a ecografia talvez  se pudesse ter visto antecipadamente que ela não estaria na melhor posição e o sofrimento de ambas teria sido menor, eventualmente. Com o antibiótico e pomadas e uma sutura mais jeitosa, talvez se tivesse evitado voltar lá segunda vez para o corte e costura... 

De resto, cinco estrelas. É lá que quero ter um segundo filho (mas agora não quero pensar nisso, ok?)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

cheiramos a leitinho #1 - a primeira vez que lhe mudámos a roupa

E a histeria que é vestir um recém-nascido pela primeira vez, a dois?

Histeria no mau sentido, pois claro, porque se já é difícil uma só pessoa conseguir vestir um ser com poucas dezenas de centímetros, imaginem duas. 

A cena no hospital foi engraçada, com direito a "discussão":

- Cuidado, olha a cabeça.

- Estás a agarrar?

- Olha o braço, cuidado! 

- Não a apertes!

- Espera aí, dá cá, primeiro agarra a manga.

- Não a puxes assim.

- Ainda lhe partes um dedo.

- Não é assim!

- Como é que isto se aperta?

- Mas isto está a boiar!

Imaginem um diálogo semelhante a este protagonizado por dois adultos debruçados sobre uma cama com um bebé lá deitado, a espernear aos berros. Acho que transpirámos um bocadinho.

E convosco, cenas do género? Partilhem!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

estamos grávidos!

Eu e o João falávamos várias vezes em ter filhos, 3, 4, 5. Dentro de nós pulsava, ainda que de forma discreta, a vontade de nos multiplicarmos. 

Bem, a minha vontade não era tão discreta assim porque isto da natureza é mesmo assim e tinha o meu relógio biológico a apitar há bastante tempo.

Conversávamos sobre isto naturalmente. Quando fomos viver juntos, o quarto de um futuro filho já estava destinado. Não tínhamos pressa mas também não queríamos ter um primeiro filho muito tarde.

O plano era deixar a vida assentar, arranjar emprego estável, aproveitar a vida a dois... 

Depois casámos. Depois fomos de lua-a-de mel para Itália, numa viagem de carro, de mais de 5000 km, durante praticamente 1 mês. 

Foi aí, longe de casa, que decidimos ou nos apercebemos, sem grandes equações, que queríamos ser pais. Esperar por estabilidade? A estabilidade vai e vem, nada é garantido hoje em dia. Quanto tempo seria esta espera? Quanto tempo temos? 

Não foi planeado, no sentido de "a partir de agora vamos tentar ter um filho", nem foi, de todo, acidental. Foi sentido. Se tiver de ser, é. E foi. 

Estávamos perto das Cinque Terre, num sítio encantador: Il Borgo di Campi. Se calhar foi da vista para o mar e para as vinhas. Estávamos em Itália. Tinha de ser ali, celebrar o nosso amor em viagem. É nas viagens que descobrimos que nos amamos ainda mais do que pensávamos. 

Nesse dia, o mesmo da fotografia, escrevi-lhe um poema, a esse filho que poderia aí vir:

"Que os teus olhos sejam cor de uva escura,
e a tua alma tão grande quanto o mar.

Que tenhas a coragem da montanha
e um peito gigante para amar."




Passados doze dias, a 23 de Maio e já em Roma fiz um teste de gravidez mesmo sabendo que poderia ser cedo para acusar alguma coisa. Mas eu já sabia que a minha pinhoca estava ali. Sentia o corpo diferente, um desconforto na barriga e nos rins. Não aguentava esperar para ter a confirmação. 

O Clearblue deu-nos a notícia (e em italiano!), com as semanas estimadas de  gravidez...




Nessa noite saímos, como se andássemos por cima de nuvens ou algodão doce e Roma ficou mais bonita. Ao jantar não bebi vinho e a nossa aventura a três começava... 

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

coisas que me fazem tremer o olho #1 - a máfia das toalhitas

Inventam toalhitas com ph neutro, sem perfume, com textura suave e delicada, com loção, sem álcool, anti rabinho assado e o diabo a quatro... Mas ainda não inventaram uma embalagem ou um sistema que evite que saiam 7 toalhitas em vez de 1.

Há duas hipóteses: ou se faz uma bola com o excesso de toalhitas e amarfanha-se tudo lá para dentro de novo, sabendo de antemão que da próxima vez a bola vai ter de sair na mesma cá para fora, ou se pensa "já que saíram tantas, deixa-me aproveitar" e toca de limpar as mãos, refrescar o pescoço e, quiçá, até limpar o pó às mesas de cabeceira.

Isto é uma máfia, só para nos ir aos bolsos. 

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

no dia em que nasceste abracei um pinheiro

No dia em que nasceste, há precisamente 12 dias, abracei um pinheiro. Não foi a primeira vez que abri os braços à volta de uma árvore. Ainda tu eras do tamanho de uma mínima pinhoca, já eu pedia à natureza que te protegesse, te trouxesse a mim com saúde. Talvez fosse também uma maneira de extravasar o amor que sentia. Criava-nos raízes.


O pinhal de São Pedro de Moel, esse lugar que existe também dentro de nós, era o abrigo que te imaginava quando ainda estavas dentro de mim (estás dentro de mim para sempre). 

A minha pinhoca. Teresa. Tens este nome porque rima com Natureza. Não tinha a confirmação de que ali estavas, parte de mim, e já tinha a certeza. Esta foi, por isso, a tua primeira fotografia: